terça-feira, 19 de maio de 2015

Sessão da Tarde Feelings

E aí, gente linda?

Como é que tá? Tá tudo bem? Tudo? Então tá.

Depois de tanto tempo, o que eu tô fazendo aqui hoje?

O que eu sei fazer de melhor, ora! Enrolando meus trabalhos acadêmicos!!! Olha só!!!

Êêêêêê!!!

Pois é. Tenho várias atividades pra fazer, textos pra ler e duas avaliações pra entregar em 6 dias. Mas, gente, são 6 dias!! Tipo, muito tempo forever.

Ah! E sem me esquecer da palestra que eu e minha sócia vamos ministrar no sábado sobre como organizar um casamento. Arlinda, fica fria, miga. Vou fazer tudo que prometi. 

Depois.

Bem, gente, vim falar hoje de um filme que eu assisti outro dia na Sessão da Tarde. E não é que, pra minha total surpresa, o filme contava totalmente a história da minha vida atual?

Quer  dizer, tirando a parte em que tenho belos olhos azuis emoldurados por lindos cílios postiços (que aquela mulher tá de brinks, se eu acreditei um segundo que aqueles cílios bapho eram dela mesma. Tá. Sei.). E tirando a parte em que minha chefe não aceita minha demissão e ainda eleva minha autoestima (sim, eu saí do meu último emprego, senão, por que vocês acham que eu estaria assistindo Sessão da Tarde pelo amor de Deus?).

Bem, o fato é que o filme conta a história de uma garota que tem a ideia do que seria a vida dos sonhos, incluindo: uma posição de destaque na empresa onde trabalha, o apartamento dos sonhos e o cara perfeito.

Daí que acontece tudo isso e, tá tudo bem, tudo bom, mas começa a dar tudo errado e ela não se sente mais feliz como achava que deveria se sentir. 

(É claro que isso é pra dar uma emoção na história, porque fica sem graça tudo lindo e maravilhoso o tempo todo, né? Manual de instruções para a vida).

E depois que a vida dela se torna meio que um caos e tudo mais, ela descobre um jeito de dar um up na profissão, termina com o cara "perfeito" e fica com o nerd de óculos e potencial escritor literário de sucesso (é claro que eu achei esse detalhe um charme e tudo mais) e FIM. Vamos assistir O Rei do Gado.

Sim, eu passei por coisas bem parecidas, o que me alegra, de certa forma, por saber que aquela frase clichê (que eu não sei de quem é e nem vou me dar ao trabalho de procurar), é bem verdade: "No fim, tudo dá certo. Se ainda não deu certo, é porque não chegou o fim".

Em meio à confusão que se tornou minha vida no início de 2014, eu consegui um emprego bacana, mudei da casa da mamãe e fui morar sozinha num apartamento bem legal, fui promovida a um cargo de chefia, juntei os caquinhos do meu coração, fiz uma viagem pelo Nordeste, comecei um namoro com um amigo de infância, fiz minha primeira viagem sozinha e tava tudo muito bem, tudo muito bom quando... É. Cheguei na metade do filme.

Tive que pedir demissão do emprego, estou na iminência de ter que voltar pra casa da mamãe, não tenho nem ideia de quando vou poder viajar e, o namorado perfeito... ah, gente, quem é perfeito, PELOAMORDE??!!

É pra entrar em desespero, né?

Não. Não é.

A Lanussa de antigamente, sim, estaria fazendo #aloka, né? 

Talvez, não por mim, mas pelos outros. Pela pressão que sempre senti de ser a melhor, de me dar bem em tudo, de ser a fodona o tempo todo. É uma cobrança que eu sinto desde que descobri que era uma pessoa. Uma cobrança que vinha dos outros, mas que vinha de mim também.

Sabe o que eu fiz quando tinha 5 anos? Não. Não construí um reator nuclear.

Eu estava na alfabetização, mais por preocupação da minha mãe por eu ter perdido o ano quando a gente mudou de cidade e eu fiquei sem estudar. Ela me ensinou a ler em casa, então eu já estava bem mais adiantada do que os meus coleguinhas.

A professora costumava classificar as notas em primeiro, segundo e terceiro lugar e chamar esses três alunos na frente da turma e dar os parabéns.

O fato é que, durante meses, eu tirei sempre o primeiro lugar. E ele estava lá, escrito à mão, com a letra perfeita da professora, na capa das minhas avaliações. Até que... É. Um dia eu fui segundo lugar. E entrei em desespero.

Reparem bem. Eu, com os meus 5 anos, não tinha ideia do que significava segundo lugar. Eu não sabia que segundo lugar também era muito bom. Ninguém, em todos os meus 5 longos anos de idade, nunca tinha me falado que "segundo lugar não é bom. Você vai vender pulseirinha na praia se tirar o segundo lugar." (Se bem que, vender pulseirinha na praia, às vezes até parece uma alternativa interessante... Acho melhor que ser vendedora da Chilli Beans, Arlinda...). Então, eu não tinha noção alguma do que realmente era um segundo lugar, mas na minha cabeça, essa droga não podia ser legal.

Imaginei logo a cara da minha mãe quando visse o segundo lugar. Eu seria a decepção da família. A ratataia da sociedade. E iria sofrer bullying da menina que se vestiu de bailarina no desfile de 7 de Setembro e foi rainha da escola na festa junina (o pior de todos os castigos).

Bem, nem os parabéns da professora diante de todos os meus coleguinhas me tiraram a sensação de fracasso da minha cabeça. Então, quando cheguei em casa, fui atrás daquela invenção tecnológica extraordinária muito utilizada nos anos 80 e 90... 

A borracha que apaga caneta!!!

Êêêêêê!!!

Fiz o que pude. Esfreguei quantas vezes fosse possível, mas aquela tinta superatômica não era páreo para a Super Borracha. Então, baixei minha cabeça como aqueles condenados à guilhotina, respirei fundo e fui entregar as provas à minha mãe...

Quando, de repente, eu ouvi: "Muito bem! Parabéns!"

Tipo, anh? Como assim? E esse segundo lugar aí, dona? Tá vendo não? Bem aí? Todo borrado!

Sim, ela tava vendo. Mas, era segundo lugar e, isso também era bom.

O fato é que, mesmo assim, eu fui levando esse negócio de ser primeiro lugar sempre, muito a sério. E, conforme eu fui sendo sempre primeiro lugar, as pessoas ao meu redor foram levando mais sério ainda. Então, depois da escola, tudo tinha que dar sempre certo na minha vida. Porque eu era o primeiro lugar!

Gente, para. Começou a chatisse. Comecei a ficar histérica toda vez que algo não ia como o predestinado para a gênia aqui. Eu me sentia a vítima do mundo e chorava rios inteiros por dias sem fim. Era pesado. Era sofrido. Ninguém ia gostar de mim se eu não fosse a melhor. Ninguém ia querer ficar comigo se eu não fosse a melhor. E nessa angústia toda eu esquecia de fazer o principal: recomeçar. Eu esquecia como fazer. Eu precisava que alguém me dissesse. Eu precisava que alguém até fizesse isso por mim. "Meu Deus!! Eu errei!! Eu não consegui!!! Eu sou um nada!! Eu sou um fracasso total!!"

Mas, a maturidade te faz essas coisas... Te torna mais serena, mais confiante e, o resto que se dane, porque você vai conseguir. Demorei muito pra chegar nesse patamar de "erro quantas vezes precisar, fracasso quantas vezes for necessário, vá se lascar pra lá com seu primeiro lugar, se quer perfeição, procure uma Barbie".

Aqueles rios de lágrimas que brotavam de dentro de mim com tanta frequência, agora não passam de pequenas poças que vêm com uma chuva rápida e secam aos primeiros raios de sol.

Isso tem nome: confiança.

E sabe o que me dá mais confiança? Eu saber o quanto sou querida, o quanto sou abençoada por estar rodeada das pessoas que realmente me querem bem. É saber que tenho uma família e amigos que me botam pra cima e me dão palavras de incentivo. É saber que, quando aparece alguém na minha vida pra me ferir, pra me magoar, sempre aparecem mais cinco, me fazendo enxergar quem realmente tem que fazer parte dela.

E, é claro, também aprendi a trabalhar o meu espírito, de forma que entendi que, cada coisa tem seu tempo e que, ao invés de reclamar eu tenho que agradecer pelas oportunidades de aprender com os tropeços da vida.

Então, cambada, como comecei falando de filme, vou dividir com vocês um poeminha que eu escrevi há eras atrás:

Eu personagem

Minha vida é feita de:
Trechos de filmes de amor,
Pedaços lidos, de poemas,
Frases feitas, por alguém
que não era eu.

Detesto todos os finais
Que não são felizes
Porque minha alma
Clama por felicidade
Nem que seja de mentirinha.

Enceno o papel que a
Vida não me deu.
O meu palco é um 
Mundo invisível
Visto só por mim.

Mas eu tento com as mãos,
Tocar alegrias vivas
Porque no final do meu filme,
Eu não quero ler frases feitas
De um poema triste.

Lanussa Ferreira

(Poema escrito em 27/11/2005)

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