segunda-feira, 24 de julho de 2017

A Síndrome da Paixonite Aguda



Acabei de ler 399 páginas de um romance bem suspirativo. E é a segunda vez que leio esse livro. Mas os suspiros involuntários são impossíveis de segurar, mesmo você sabendo como acontece toda a história.

Embora hoje, eu já esteja mais esperta, talvez esse tenha sido o meu maior problema: romantizar demais as coisas a ponto de levar minha vida como se fosse uma dessas histórias românticas e não como ela realmente é: uma tragicomédia.

Durante toda a minha vida, eu idealizei e esperei que tudo fosse como nos livros que eu tanto lia, principalmente na vida amorosa. Bastava o carinha me dar um beijo (às vezes nem isso, acreditem), já tava a "loka" apaixonada, decidindo mentalmente quem iria pegar as crianças no Inglês e se realmente deveríamos contratar aquela empregada, porque eu achei que o bigode dela era grande demais.

Até que o cara me dava um banho de água fria e dizia a famosa frase: "eu sou muito pouco pra você".

E eles eram mesmo, minha nossa!

Tinham medo de mim, da minha inteligência, do meu desprendimento, da minha independência, dos meus pensamentos feministas, da minha bagagem cultural e do fato de eu sempre saber o que eles estavam pensando. (Não se assustem. Cancerianas são meio bruxas mesmo...).

E por isso mesmo, demorou muito, até que eu encontrasse um cara com o ego do tamanho do Taj Mahal e que não teve medo de mim e não se achava pouco. Muito pelo contrário. Ele se achava muito e conseguiu me convencer de que eu tinha bastante sorte de ter encontrado aquele príncipe encantado que, de encantado só tinha... anh... é... nada.

E foi aí que eu descobri o que é, realmente, um choque de realidade. Um PUTA  choque de realidade. Na verdade, a vida me pegou pelos cabelos e saiu me arrastando em cima da realidade, depois pegou a realidade, jogou na minha cara e esfregou, como aquelas tortas de chantilly, nos programas de perguntas e respostas. Depois me jogou numa piscina de realidade e, pra finalizar, um saco de penas de galinha, só pro visual ficar mais bacana.

Aí, achando pouco, ficou bem de frente pra mim, colocou as mãos na cintura e disse olhando bem no profundo dos meus olhos:

- Toma palhaça! Vamo acabar com essa palhaçada agora, "kiridinha"? Já deu, né? Acorda pra vida!

E saiu desfilando lindamente em cima do seu salto 15. Porque ela não é obrigada, meu amor.

Então foi isso. E sabe o que aconteceu depois? Nunca mais me apaixonei.

Sim. A "loka" da paixonite aguda parou de brilhar os olhos pra qualquer sorriso bonito que aparece na frente dela. Às vezes chega até perto. Mas ela lembra da lição do choque de realidade e faz o quê? Pica a mula, fia. Vai "simbora". O diabo é quem fica!

Mas eu sempre me pergunto: até que ponto isso é bom?

Difícil, gente. É muito difícil.

Se envolver emocionalmente com uma pessoa lhe deixa vulnerável, com a guarda baixa, sem proteção nenhuma. Aquela sensação eterna de quem levou um soco no estômago, que comeu algo estragado no almoço e que vai vomitar a qualquer minuto.

Então, POR QUE DIABOS ALGUÉM EM SÃ CONSCIÊNCIA QUER SE APAIXONAR??!!

Porque é bom receber uma mensagem de bom dia que não seja das tias velhas do grupo da família. Porque é bom lembrar daquela risadinha que faz um quentinho no seu coração. Porque, por incrível que pareça, aquela sensação de falta de oxigênio no cérebro faz com que você se sinta mais viva. Porque o som daquela voz te chamando de "meu bem", "meu amor", é a música mais linda que você pode ouvir...

Será que depois de tanto tempo, vai ser agora?

Será que eu estou preparada para sentir tudo de novo?

Será que vai dar certo?

Será que vou me ferir novamente?

Quem souber morre, mermã.

Sabe qual a única coisa que eu sei hoje?

TÔ LASCADA!!!

É isso aí.

Vlw

Fwl

Beijo me liga.