O Lado de Lah...: Eu tô falando é de amizade: "Coisas que aprendi quando já era tarde demais"

De vez em quando na minha vida, me dava aquele negócio de tipo, tenho que me abrir mais para novas amizades, ser mais acessível, popular (de um jeito legal, não sendo a nerd da escola), viver rodeada de pessoas maneiras, divertidas, tipo Friends, sabe?

Pois é. Sabe quanto tempo eu passei com isso na cabeça? 31 anos, 9 meses e 5 dias.

E qual é meu pensamento agora? Tô ca@#%&* e andando pra quem é o super popular da face da Terraaaa!!!

Eu não tenho porquê ser assim! Eu não sou igual a todo mundo. Muito pelo contrário... Eu sou mesmo beeem diferente.

Quando eu tinha 12 anos, bem que eu gostaria de ser a gata raiada da escola. Aquela que todo mundo quer por perto e emana glitter por onde passa. Tá, admito. Eu assistia TV demais. Mas, no auge dos meus 30 anos, que se dane todo mundo. Eu tenho amigos. Amigos que eu tenho desde que tinha 7 anos de idade. São poucos. Mas pra que mais? ElAs, na verdade, me bastam. Não quero mais. Se você tá super a fim de ser minha melhor-amiga-de-infância, sinto muito. Talvez numa próxima vida. Não tem mais lugar pra você.

"Ai, Lanussa, que radicalismo..."

"Ai, essa garota tá se achando..."

"Minha filha, procure um psicólogo pra curar essa amargura da sua vida..." (Essa já escreveram no comentário de um post do antigo Doida da Lua, hahaha. Adoooro).

Gente, não adianta! Eu já tentei!! Diversas vezes!! Já fiz amizade com pessoas que eu achei que teria pro resto da minha vida. Amizades verdadeiras, daquelas de fazer selfie com biquinho e a legenda: "Amiga-irmã que adorooo pra seeempre no meu coraxxããoo!!! S2S2S2"

Mas, no fim, esse povo todo foi embora e, quem foi que ficou? Hein? Quem??

Eu vou dizer. (Por ordem de aparição na minha vida):

1. DEIANNE (Mais conhecida como DD)

Deianne tem tanta MORAL, que já ganhou até um post só pra ela no Doida da Lua. Então, num vou falar tudo de novo não, valeu? Por isso, vão lá e leiam tudo. Ler é vida. Deixa a gente menos burro. Façam um favor e cliquem aqui.

Tá. Tudo bem. Só um resumo...

A DD e eu nos conhecemos quando ela tinha uns 2 anos de idade e eu 6. A gente cresceu e descobriu que tinha um negócio de amizade muito doido ali entre a gente. Revezamos períodos de grude eterno e temporadas sem olhar uma pra cara da outra. Mas ela sabe que eu tô aqui e eu sei que ela tá lá. E essa amizade é tão forte que não coube na palavra amiga. Daí, a gente resolveu ser prima uma da outra! Somos amigas, primas, "primigas", duas doidas que fazem cena de novela mexicana em plena C&A (ela é famosa na minha vida, voltem lá no blog e entendam o que eu disse agora). Vivo sem a DD? Não. Então, é amiga de verdade!

2. MERINHA (Mais conhecida como... bem, Merinha já é apelido dela)

A Merinha eu também conheço desde que me entendo por gente. Tipo, se tu me perguntar que dia eu conheci a Merinha eu vou te falar: "Sei lá, cara! De repente, quando eu vi, ela já tava lá."

E ela é minha amiga desde que me entendo por gente? Não. Por quê? Por que, um dos requisitos pra ser minha melhor amiga é: NÃO VOU COM A SUA CARA, NEM COM SEUS CABELOOS! Sério. Se eu não fui com a cara, já posso considerar amiga-pra-toda-vida. E com ela foi assim. Merinha se tornou minha amiga quando eu já tinha 18 anos, na faculdade. E é aquela pessoa que me dá paz. É aquela sua amiga sempre coerente, que sabe dizer a coisa certa na hora certa, que te dá apoio, que vê você fazer merda, mas só porque ela sabe que você sabe que tá fazendo merda, ela não chega pra você e diz que você tá fazendo merda, porque ela sabe que mesmo fazendo merda você só quer curtir o momento. "Tendeu"? Não? Tá. Não vou exigir muito de vocês. Mas não vou reescrever essa merda aqui.

Mas, ela sabe puxar minha orelha quando vê que eu tô fazendo coisa errada, mas é tão evoluída que diz: "Você tá fazendo errado, mas eu tô aqui com você, segurando sua mão". Então, é amiga de verdade!

3. ROSANA (Mais conhecida agora como "Cumade")

Conheci a Rosana quando tinha 10 anos de idade, na escolinha do SESC e, adivinhem? Não fui com a cara dela, também. Sei lá! Aquela garota com cara de trombadinha, toda marrenta, cabelo curto... E bastou a gente sentar de frente uma pra outra uma única vez, pro bagulho tá armado. O nível de respeitabilidade era tanto que, se alguma de nós se atrasava e a mesa em que a gente sentava já estava toda ocupada, automaticamente alguém se levantava pra gente sentar perto da outra. A gente passou 4 anos separadas e nos encontramos novamente no Ensino Médio. E depois de uns dois dias de reconhecimento de área, a dupla dinâmica voltou à ativa. Do tipo, se encontrar às 7h na escola, sair 12h e ir direto pro curso de Inglês, sair às 15h pra Educação Física, se despedir às 18h na parada de ônibus com a frase: "Chegar em casa eu te ligo!". E a gente ligava e ficava mais uma hora no telefone. E essa amizade, rendeu mais um fruto, que é o João Gabriel, filho da Rosana e afilhado dessa madrinha desnaturada. A gente também passa eras sem se ver, mas eu sei que ela tá lá pra me dar força, me botar pra cima, me dar indigestão de tanto comer. Então, é amiga de verdade!

4. SAMANTHA (Mais conhecida como "Rapaz, a Samantha tá atrasada de novo!")

É. Você manda um whatsapp pra Samantha, ela responde três dias depois. Liga pra ela 10 vezes seguidas, ela não atende e não te retorna. Você marca um compromisso com ela às 8h e ela chega às 10h. Por que ela é minha amiga? Livros. Bobice romântica. Seriados. "Amiga, olha esse sapato!". Milhares de lágrimas compartilhadas pelos pés-na-bunda da vida. Só cortamos o cabelo com a outra de vigia. Tudo de bom que acontece na nossa vida, a gente quer contar uma pra outra.

Ela apareceu durante o meu reencontro com a Rosana e se "abuletou" no meio da gente. Também não fui com a cara dela, né? Olho muito puxado, cabelinho cacheado, muito fofa, nam! Vai pra lá!

A gente passa meses até, sem se ver, mesmo morando perto uma da outra pela vida toda, mas quando se encontra é bem legal porque a gente tem motivo pra não parar de falar até quase estar morrendo sem oxigênio. Então, é amiga de verdade!

5. ... Não tem mais, gente. É só esse povo aí mesmo. Elas me entendem, me aceitam como eu sou. Não se importam de não falar comigo todo dia. Me deixam seguir minha vida e ir correndo pra elas quando dá tudo errado. Não me sufocam. E é por isso eu eu as amo. Isso é amizade de verdade.

Eu sou assim. Sou introspectiva. Sou calada. Sou na minha.

Quando estou com elas sou faladora, palhaça, espontânea.

Pra mim, isso é suficiente. Não preciso ter um milhão de amigos que nunca são meus amigos. E, isso quer dizer que só tenho mesmo 4 amigas? Não. Tenho vários outros amigos. Mas também tenho consciência de que esses amigos vêm e um dia se vão, sim. Vão deixar lembranças boas na minha vida e os terei para sempre no coração. Mas essas ficam.

Ah! E claro, tem aqueles que vêm como um furacão, viram seus melhores-amigos-de-infância-ever do dia pra noite, querem fazer tudo com você e até postar selfie com biquinho com a leganda: "Amiga-irmã que adorooo pra seeempre no meu coraxxããoo!!! S2S2S2". Para, né Lanussa? Já aprendeu, né? Agora vê se liga o alarme!

Da série: "Coisas que aprendi quando já era tarde demais", eu vi que não adianta eu tentar forçar a minha barra, querendo ser o que os outros são ou querendo ser o que os outros querem que eu seja. Aprendi também que essas amizades intensas que aparecem de uma hora pra outra são tudo de mentira, gente! Tudo que é demais, uma hora desanda. E pra mim, especificamente, só funciona na medida certa.

E, sem querer ser injusta, tenho que falar de outras pessoas especiais na minha vida, que estão me presenteando com suas amizades e, sem elas, não teria a mesma graça. Então... Sintam-se beijadas e abraçadas e sufocadas até ficarem vermelhas e com os olhos esbugalhados. Bem assim.